Mulher de pele parda, cabelos lisos e olhos fechados abraçando um labrador caramelo.

Louise Suelen

Pessoa com deficiência visual - Cegueira
Desenvolvedora de software back-end
Bacharelanda em Ciência da Computação
Nascida na cidade de Barreiras - Bahia
Morando atualmente na cidade de Ilhéus - Bahia

Quem é Louise Suelen?

Eu sou uma pessoa muito apaixonada por educação, ciência e tecnologia em especial o ensino de ciências exatas e tecnológicas para pessoas com deficiência e outras necessidades educacionais específicas.

Sou casada com a Vitória, uma mulher também cega, além disso, sou “mãe” de PET, um labrador (que não é meu cão-guia) chamado Amendoim e uma Fox paulistinha chamada Amora. Fora isso eu sou super ligada na minha família e um projeto não acabado de comediante.

Quais são as suas experiências profissionais?

Bom, eu já trabalhei em algumas empresas, a lista delas, incluindo a que eu trabalho hoje está a seguir.

2021 - 2022
NTT Data: Analista de testes em Acessibilidade Web
NTT Data: Desenvolvedora de software com Java e Spring Boot
2022
Pipefy: Desenvolvedora de software com Ruby On Rails
2022 - atualmente
Itaú Unibanco: Desenvolvedora de software com Java, Kotlin e Spring Boot

E porque você decidiu criar o PcD Na Escola?

Eu criei o PcD na escola por vários e vários motivos, tem motivo pessoal, motivo educacional é melhor explicar um por um...

Família

Quando se cresce como uma pessoa com deficiência você não tem maturidade para entender o preconceito e as atitudes que a sua família toma desde criança, porque afinal de contas você é criança e depois adolescente. Eu tive uma postura muito combativa em relação a minha família e de muito julgamento, por causa do meu próprio sofrimento e hoje entendo que muita coisa foi falta de conhecimento. Aí você pode dizer “mas as informações estão aí é só procurar” e na minha cabeça não é assim.

Na minha opinião precisamos falar sobre acessibilidade de um jeito mais simples, uma língua mais popular, eu penso sempre em como falar de um jeito que minha família compreenda. As vezes parece que todas as famílias de pessoas com deficiência são compostas por pessoas que sabem ler, são universitárias, sabem tudo de Informática, medicina e as palavras ficam muito técnicas. Minha ideia é falar de deficiência e acessibilidade de um jeito simples para minha família entender eu acho que assim a mensagem chega mais longe porque a maioria das famílias são como a minha com pessoas muito diferentes e com suas lutas do dia-dia por isso a mensagem precisa ser simples.

Escola

Pensar na escola é muito delicado para mim porque vem uma mistura de Felicidade por ter acabado, raiva pelas coisas que aconteceram e eu não posso mudar e ao mesmo tempo solidariedade. Eu não nego que às vezes eu gostaria de voltar no tempo e dizer um monte de desaforos para várias professoras e professores que tive, mas ao mesmo tempo me solidarizo porque hoje compreendo como é construído o processo de inclusão da pessoa com deficiência na escola pública e como é difícil ter que se virar com muita gente, poucos recursos e quase nenhuma capacitação.

Minha família é repleta de professoras, pessoas muito importantes na minha vida incluindo as minhas melhores amigas são professoras, a educação modelou o que eu sou hoje. Tem coisas que não são questão de formação, recursos ou diplomas tem coisa que é questão de empatia, tive várias professoras que diziam que eu não deveria estar na escola isso não é coisa que se diga para uma criança. Porém, tem coisas que sim são consequência da falta de formação e da falta de recursos, isso atinge toda a comunidade acadêmica, as professoras e professores, direção pedagógica, estudantes e famílias.

Minha ideia de criar o site é deixar o máximo de conteúdo gratuito, acessível para pessoas com necessidades educacionais específicas e com uma linguagem simples para apoiar a comunidade escolar na inclusão das pessoas com deficiência. Claro que faço isso dentro das minhas possibilidades financeiras e dos meus conhecimentos, é minha forma de retribuir o bem que a educação me fez. Sei que dependendo de onde se mora recursos acessíveis são muito raros de chegar, mas a internet chega ela chega longe junto com os smartphones e alguém próximo de alguma pessoa com deficiência vai conseguir chegar nesses recursos é o que eu desejo.

UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz

Eu teria muita coisa para dizer sobre a universidade, mas a principal delas é que sou muito grata pelas pessoas que lá conheci e que ela me deu, pessoas é a palavra porque foi com quem contei no tempo que estive lá. Existe uma grande difrerença entre instituição e pessoas, a instituição é uma coisa e as pessoas são outra, eu sou grata pelas pessoas que conheci e que me ajudaram a ser quem sou hoje.

Sobre a instituição, enquanto universidade pública, desejo que não somente ela, mais todas as universidades públicas do Brasil sejam mais acessíveis para pessoas com deficiência e outras necessidades educacionais específicas. Acredito que a educação é um direito de todas as pessoas e que a universidade pública é um espaço de formação de pessoas e de conhecimento, por isso deve ser acessível.

Espero que no futuro ninguém mais tenha que passar pelo que eu passei na minha vida escolar e acadêmica, por mais que eu tenha aprendido muito com as minhas experiências, eu não desejo isso para ninguém.

O vídeo a seguir é um desabafo que eu fiz e por mais que seja focado em mim e na UESC, eu acredito que ele representa a voz de muitas pessoas com deficiência que passam por situações semelhantes.

O que mais você gostaria de compartilhar?

Quando digo que sou uma pessoa apaixonada por educação, ciência e tecnologia é a mais pura verdade, uma das coisas que fiz e mais me orgulho é ter participado do projeto educacional CriArt no Salobrinho em Ilhéus em 2018.

Bom, eu acho que é isso, espero que você tenha gostado de saber um pouco mais sobre mim e o que eu faço. Se você quiser saber mais sobre o PcD na escola, acesse a página inicial do site clicando no botão abaixo.